Quem era a avó de Jesus?

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Santa Ana e a Virgem
Dê uma olhada em um presépio de Natal e você verá três personagens: Maria, José e o pequeno Jesus. No entanto, a acadêmica de estudos de gênero Catherine Lawless aponta que, na arte da Idade Média e do Renascimento, era comum encontrar outro grupo familiar: o menino Jesus com sua mãe e sua avó, Santa Ana.

Lawless comenta que os livros canônicos da Bíblia não mencionam os pais da Virgem Maria. Mesmo assim, a tradição cristã, baseada em parte nos evangelhos apócrifos, os identifica como Joaquim e Ana. Sua história, amplamente conhecida no século 13, sugere que eles foram casados, mas sem descendência, por vinte anos, até serem milagrosamente abençoados. com o nascimento de Maria.

A doutrina vigente estabelece que, ao contrário da filha, Ana concebeu da forma usual

O papel de Santa Ana no cristianismo estava relacionado à doutrina da Imaculada Conceição, uma questão muito debatida até 1854, quando um documento papal a estabeleceu como crença católica oficial. Basicamente, a doutrina sustenta que Maria, ao contrário do resto dos seres humanos, não tinha pecado desde o momento de sua concepção, o que a habilitava a ser a mãe de Deus.

Apesar disso, a Igreja finalmente esclareceu que Maria não foi concebida simplesmente por meio de um beijo entre seus pais na Porta Dourada de Jerusalém, como alguns crentes afirmaram. A doutrina vigente estabelece que, ao contrário da filha, Ana concebeu da maneira usual.

Conforme refletido na arte, Santa Ana não apenas trouxe ao mundo uma menina livre de pecado, mas também a acompanhou na criação do Filho de Deus. No final do Renascimento, as pinturas frequentemente mostravam os três juntos. Em algumas, Ana segura Maria, que por sua vez está com a criança no colo. Em outras, Ana segura a pequena Maria com uma mão e Jesus com a outra. Existem até representações onde ela segura o Santo Niño enquanto Maria está ao seu lado.

A virgem o Menino e Santa Ana

Em 1494, Trithemius de Spandheim, um monge beneditino alemão, descreveu os muitos milagres atribuídos a Santa Ana. Ela curou a melancolia, libertou prisioneiros, ajudou mulheres no parto, foi a padroeira dos mineiros e protegeu as pessoas de inimigos, ladrões, tempestades e perigos marinhos.

Pode-se dizer que ele também teve um papel na Reforma Protestante. Em 1505, quando Martinho Lutero, filho de um mineiro, era jovem, foi apanhado por uma violenta tempestade. Ele implorou a Santa Ana, prometendo que se ela o protegesse, ele se tornaria um monge. Cumpriu a promessa entrando para um convento agostiniano, lançando as bases para a futura publicação das Noventa e Cinco Teses e o surgimento de novas correntes cristãs que mostravam muito menos interesse por Santa Ana ou sua filha.